Com sintomas muito semelhantes aos constatados em pacientes com varíola, embora seja clinicamente menos grave, a varíola dos macacos é uma zoonose viral, quando o vírus é transmitido às pessoas a partir de animais. Geralmente, a varíola dos macacos é autolimitada – controlada pelo próprio organismo –, mas pode ser grave em alguns indivíduos, como crianças, gestantes ou imunossuprimidos. O fato de ser um vírus de DNA, menos propenso a mutações e mais resistente ao ambiente, leva a algumas características biológicas, especialmente a capacidade de infectar determinadas células. 5n2n6
Além disso, é considerado bem menos transmissível do que o SARS-CoV-2. A transmissão da Monkeypox ocorre pelo contato com fluidos corpóreos e lesões da pele da pessoa doente, principalmente, sendo necessário o contato prolongado com o agente infectante. Ainda, pode ser transmitida por gotículas respiratórias e materiais contaminados. O período de incubação costuma ser de seis a 13 dias, com variações para o período de cinco a 21 dias.
Precisamos ter em mente que, diferentemente do vírus da Covid-19, o vírus da varíola dos macacos já é conhecido, com diversos estudos, opções de tratamento e até mesmo de vacinas, com pesquisas bastante avançadas. Temos, portanto, uma realidade totalmente diversa da que tínhamos no início da pandemia de SARS-CoV-2.
Atualmente, a Monkeypox circula de maneira endêmica em alguns países da África e há surtos já descritos em países fora do continente, sendo que nestes os números cresceram nos últimos meses. O registro de diversos casos simultâneos em localidades não endêmicas sugere que pode ter havido uma transmissão não detectada já há algum tempo – a OMS publicou alguns comunicados de alerta sobre a circulação desse vírus.
Isto posto, o que os fatos nos mostram até então é que ainda é cedo para afirmar que a Monkeypox se tornará um problema mundial. Não significa, porém, que não devemos nos cuidar. Assim, cuidados de prevenção, como, sempre que possível, evitar aglomerações, lavar as mãos constantemente e usar máscaras, são recomendados. Ademais, isolar os pacientes é imprescindível para frear o avanço e evitar que a doença se torne um problema em grande escala.
Aline Stipp é farmacêutica, doutora em Microbiologia e professora do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUR) Campus Londrina.