“Não temos visto um amadurecimento do debate, a preocupação das candidaturas de modo geral apresentarem a sua proposta de país. Porque, acabada a eleição, já se começa a transição e precisamos saber quais são as perguntas, que pontos do governo precisaremos ter o às informações para gerir o país a partir do dia 1º de janeiro”, completou.

É o mesmo que a chapa de Simone Tebet e Mara Gabrilli (PSDB) pretende fazer nesta reta final de campanha, intensificando as campanhas pelo país e nos debates e entrevistas. A vice ressalta que o avanço de Tebet nas pesquisas se dá pela própria estratégia adotada – principalmente na TV, que está tornando-a mais conhecida no país.

“O verdadeiro voto útil é na Simone e na Mara, é votar na nossa chapa. Vamos continuar fazendo uma campanha limpa, de alto nível, sem ataques, sem fake news. Vamos seguir nossa campanha com amor e coragem, essa é a nossa estratégia”, resumiu à reportagem.

Para Mara Gabrilli, não há o que mudar nas próximas pouco mais de duas semanas e meia até a eleição do primeiro turno.

A decisão vai ser nos últimos dias

Carlos Ramos, cientista político e doutor em ciência política pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), diz que a estratégia de Lula faz parte do jogo político e não é nenhuma novidade. A realidade eleitoral é algo que a a ser levado em consideração pelo eleitor nos últimos dias de campanha.

“Chega num determinado momento que ele [eleitor] faz uma avaliação estratégica de abrir mão ou de desistir de votar para fazer uma escolha que é de resultado. E esse resultado pode ser de impedir um problema maior ou rever a própria posição, em que a realidade se impõe a ele”, explica.

O cientista político faz um paralelo com o que o país viveu em 2002, quando a disputa entre Lula e José Serra (PSDB) também parecia se encaminhar para o fim logo no primeiro turno com o voto útil. No entanto, os eleitores decidiram não abrir mão das escolhas e a decisão foi para o segundo, com vitória do petista com 61,27% dos votos.

É o que Jefferson Oliveira Goulart, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP) e docente da Unesp de Bauru, acredita que pode acontecer mais para o final da campanha deste ano.

Para ele, não é difícil a eleição terminar em primeiro turno. Mas, devidas às circunstâncias, o cenário todo ainda pode mudar e, até mesmo, qualquer um dos candidatos da terceira via chegar ao segundo turno com os primeiros mais bem colocados.

“A considerar a experiência de eleições anteriores, o que podemos ter entre esses candidatos que buscam ocupar um lugar alternativo é que, nos últimos dias de campanha, pode haver um realinhamento dos eleitores, eventualmente migrando para um lado ou para o outro”, analisa.

Goulart acredita que isso pode acontecer, entre outros motivos, por conta do pouco tempo oficial de campanha – menos de dois meses –, que impediu uma aproximação maior dos candidatos com os eleitores. Para ele, Bolsonaro e Lula têm a vantagem de já ter a máquina a favor e a experiência em gestões adas, respectivamente, o que consolida um deles no topo da preferência do eleitorado.

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Metodologias das pesquisas citadas

FSB/BTG
O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, dois mil eleitores entre os dias 9 e 11 de setembro de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-06321/2022.

Ipec
O Ipec entrevistou 2.512 eleitores entre os dias 9 e 11 de setembro de 2022 em 158 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e está registrada no TSE com o protocolo BR-01390/2022.

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